Personalidades ABRAPP: Sr.Maurício Williams - Pintor Profissional de Gravataí RS

Personalidades ABRAPP: Sr. Maurício Williams - Pintor Profissional de Gravataí RS - Conheça os profissionais que fizeram parte da construção da história da Associação Brasileira dos Pintores Profissionais (ABRAPP)

Personalidades ABRAPP: Sr.Maurício Williams - Pintor Profissional de Gravataí RS. A Associação Brasileira dos Pintores Profissionais (ABRAPP) foi construída com base na dedicação, no esforço e na história de centenas de profissionais que, ao longo dos anos, ajudaram a fortalecer a categoria e transformar a realidade da pintura no Brasil.

Neste espaço, vamos homenagear esses pintores que ajudaram e ajudam, ouvindo diretamente deles os relatos que marcaram suas jornadas. São histórias reais, de superação, trabalho duro, aprendizado e paixão pela profissão.

Começamos com o depoimento do membro do MBPM desde 2018, considerado o pintor mais experiente entre os que ajudaram a construir essa história.

Sr. Maurício Williams – Gravataí, Rio Grande do Sul

📅 Nascido em 03/12/1952

🎨 Pintor há 50 anos

🤝 Membro da ABRAPP - 2018

🏅 Líder oficial da ABRAPP no Estado do Rio Grande do Sul

Maurício Williams: uma vida dedicada à pintura e à valorização da profissão

Nascido em 3 de dezembro de 1952, na cidade de Santana do Livramento, no Rio Grande do Sul — bem na divisa com o Uruguai —, Sr. Maurício Williams é um exemplo vivo da força, dedicação e humildade que marcam a trajetória dos pintores brasileiros. Com mais de 50 anos de experiência na pintura, ele carrega em suas mãos — e em suas memórias — a evolução de uma profissão que, aos poucos, vem ganhando o reconhecimento que merece.

Morador de Gravataí (RS), Sr. Maurício é membro ativo do Movimento Brasil por um Pintor Melhor (MBPM) desde 2018, quando o movimento foi lançado. É conhecido entre os colegas por sua simplicidade, paciência, honestidade e simpatia — qualidades que o tornaram uma figura respeitada e querida dentro da comunidade da pintura profissional em todo o Brasil.

Neste relato especial, ele compartilha com todos nós sua história, seus aprendizados e os momentos marcantes de uma jornada construída com muito trabalho e dignidade. Uma verdadeira aula de vida e profissão.

Como foi sua infância?

Bom, pessoal, eu nasci em Santana do Livramento, no Rio Grande do Sul, divisa com o Uruguai. Mas, aos 6 anos de idade, vim para Canoas, na Grande Porto Alegre, capital do estado. Minha infância no interior foi breve e restam poucas lembranças dessa fase. No entanto, em Canoas, tanto a infância quanto a juventude marcaram muito minha vida. Como alguém vindo do interior, uma pessoa mais reservada, tudo na cidade grande era novo e assustava. Mesmo assim, tive uma infância feliz, jogando bola, estudando e fazendo amigos. Aos 14 anos, já estava procurando emprego.

Qual foi sua trajetória antes da pintura?

Bem, antes de entrar para a pintura, aos 8 ou 9 anos, eu era coroinha da igreja e assessor do padre durante as missas. Além disso, vendia jornais e revistas para a igreja e, na saída, sempre tentava arrumar algum dinheiro, pois nunca recebi mesada do meu pai ou da minha mãe. Tudo o que tive foi batalhado.

Para conseguir algum trocado, vendia ferro-velho na rua, recolhendo fogões velhos, panelas, ossos de animais (que eram comuns na época, pois eu morava próximo a um frigorífico) e qualquer outro material que pudesse ser reaproveitado. Também vendia laranjas na beira do campo de futebol.

Foi assim até eu completar 14 anos, quando meu pai percebeu minha vontade de trabalhar e conseguiu um emprego para mim na empresa Ultragaz, em 1968, como estafeta – o que hoje chamamos de office boy. Esse foi meu primeiro emprego formal, onde comecei a ganhar um salário mínimo, algo entre Cr$ 118 e Cr$ 120. Na época, esse valor me permitia comprar o que eu quisesse e ainda ajudar minha família em casa.

Enquanto trabalhava e estudava, surgiu outra oportunidade: a pintura. Aos sábados e domingos, comecei a trabalhar para um presidente de clube onde jogava futebol, ajudando na pintura de lojas. O que eu ganhava no mês como office boy, eu conseguia em apenas dois dias de pintura. Assim, aos 14 ou 15 anos, tinha dois empregos: durante a semana na Ultragaz e, nos finais de semana, pintando lojas à noite para complementar a renda.

Qual seu primeiro contato com a pintura?

A pintura começou para mim como um complemento financeiro. Eu queria comprar mais coisas, conquistar minha independência e ter mais conforto. O trabalho acontecia durante a noite nos fins de semana, pois as lojas precisavam estar prontas para abrir na segunda-feira. Em alguns casos, quando abriam no domingo, o serviço tinha que estar finalizado até as 6h da manhã.Comecei na pintura como ajudante, limpando a loja, lavando pincéis e ferramentas e observando os detalhes do acabamento, para que, mais tarde, eu pudesse fazer o mesmo trabalho.

Por que você resolveu virar Pintor Profissional?

A princípio, o motivo foi financeiro, uma forma de melhorar minha qualidade de vida. Mas, com o tempo, quando saí da empresa e passei a trabalhar apenas como auxiliar de pintura, comecei a gostar do acabamento final, de transformar os ambientes e dar vida nova aos espaços onde trabalhava.

Quais foram suas maiores inspirações?

Não diria que tive inspirações, mas sim exemplos de profissionais. Duas grandes pessoas marcaram minha trajetória: Apolinário Bráulio de Lima, conhecido como Napolie, e um profissional apelidado de Bagé, cujo nome verdadeiro nunca soube. Eram homens muito mais velhos que eu, mas que sempre buscavam ensinar o caminho certo, prezando pela perfeição no trabalho.

Naquela época, era difícil encontrar materiais para estudar ou se inspirar, então os colegas de trabalho eram a principal referência. Com seriedade e honestidade, eles transmitiam os ensinamentos necessários para se tornar um profissional competente.

Como você aprendeu a pintura?

Tudo foi na prática. Aprendi como auxiliar, observando e, quando tinha oportunidade, pegava uma ferramenta, uma desempenadeira ou um pincel.

Naquele tempo, não existia rolo de pintura, apenas trinchas, que eram pincéis maiores, usados especialmente para o “calhação” (uma mistura de cal, água e cola branca). O processo inicial envolvia queimar o muro e fazer o recorte com trinchas de maior porte.

Quando o rolo de pintura foi lançado, ainda era muito caro, tornando-se inacessível para o dia a dia da obra. Assim, todo o aprendizado veio da prática, sem a possibilidade de fazer cursos.

Qual foi seu primeiro trabalho profissional na pintura?

O primeiro trabalho foi mais voltado para massa corrida. Eu aprendi com o encarregado, que na época era chamado de contramestre. Ele me entregou uma desempenadeira de 30 cm, uma espátula, mostrou o forro, o teto e as paredes e disse:

— “Tu tem isso aí para fazer agora!”

Era um total de cerca de 400 metros de massa, né? Como eu já tinha lixado muita massa antes, aprendi a não deixar rebarba, então procurei fazer o melhor possível já nessa primeira vez.

O mais marcante dessa experiência foi que, quando terminei o trabalho, o encarregado colocou uma lâmpada para verificar o acabamento. Ele olhou, me chamou e disse:

— “Tu é profissional!”

Esse foi um momento mágico. Me senti reconhecido.

Qual é seu estilo de pintura preferido?

Já passei por várias áreas dentro da pintura, mas o que eu realmente gosto é da pintura imobiliária. Conheço outras áreas, sei trabalhar nelas também, mas o que mais me prende é o acabamento final do imobiliário.

Quais foram (ou ainda são) seus maiores desafios na profissão?

Os maiores desafios continuam até hoje: chegar à perfeição.

Projeto marcante?

Teve uma época, logo no início da minha carreira, que eu tinha um sonho: trabalhar pendurado em cadeirinha, sabe? Mas era daquelas antigas mesmo — com quatro furos, cordas, o "oito" lá em cima e a gente se segurando só na corda.

Consegui realizar esse sonho e trabalhei assim por quase dois anos. Foi difícil, foi arriscado, mas era um sonho e eu consegui. Depois passou a vontade, claro, mas ficou marcado como uma conquista importante. Aprendi muito, conheci como realmente é o trabalho em altura e isso me deu mais segurança e respeito pela profissão.

O que você acha de reinventar-se na profissão?

Acredito que reinventar-se na profissão acontece todos os dias. Sempre surgem novas situações, novos momentos, novas formas de trabalhar. Não podemos seguir sempre a mesma linha, repetindo as mesmas práticas. É preciso se reinventar constantemente, buscando melhorias e mais aprendizado.

Como você vê a evolução da pintura?

A pintura, no contexto geral e dentro daquilo que aprendi, evoluiu muito. A evolução é enorme, tanto nas ferramentas quanto nos materiais, nas tintas, nos clientes, nas empresas... e o próprio pintor também está evoluindo — e muito.

Qual sua história com o MBPM e a ABRAPP?

Minha história com o Movimento Brasil por um Pintor Melhor (MBPM) começou quando fui apresentado pelo pintor Marcelo Galante, de São Paulo, ao Juliano Alcântara, um dos criadores do movimento. Na época, participávamos de eventos da Suvinil e da Coral, além de encontros em São Paulo voltados ao conhecimento de materiais e fábricas. Fizemos uma grande amizade a nível nacional.

Fui selecionado pela Suvinil como um dos 20 melhores pintores do Brasil, o que foi uma honra. A partir daí, entrei para os Grupos Oficiais do MBPM, conhecendo toda a diretoria da época e me envolvendo mais a cada dia. Acredito que, dois anos depois — se não me falha a memória, em 30 de janeiro de 2018 —, passei a ser “braço” do movimento, o que hoje chamamos de Líder, já com o grupo “Pintor de Gravataí”, onde ajudei muito na parceria com as Tintas Renner, que é aqui da região.

Além disso, estive envolvido desde a fundação da ABRAPP, junto com a primeira diretoria e as novas turmas que se formaram. Meu número de cadastro no MBPM era 24 ou 25, e na ABRAPP, fiquei com o número 13. Hoje, sou considerado um dos fundadores da ABRAPP.

Com muito orgulho, também sou instrutor, já laureado e diplomado pela Escola ABRAPP, onde tento dar continuidade ao trabalho aqui no Sul. Acredito que esse movimento, focado no pintor profissional, é uma das melhores iniciativas surgidas no Brasil, oferecendo orientação, capacitação e valorização da profissão.

Qual foi sua motivação para fazer parte do MBPM e da ABRAPP?

Minha motivação foi a necessidade de mudança. Venho de uma geração de pintores que não tinha orientação. Raramente aparecia um curso oferecido por loja ou empresa, e eu mesmo nunca participei, pois nem sabia da existência deles.

Quando surgiu o movimento, com cursos em lojas, visitas técnicas e parcerias com fábricas, percebi que aquilo era uma virada de chave. O MBPM começou a oferecer orientação e melhorar a imagem do pintor, que até então não era bem vista. Isso me motivou.

O movimento nos ensina a nos vestir melhor, a conversar com clareza, a ter postura e a valorizar nosso trabalho. Ele trouxe um novo norte para o pintor brasileiro.

Você já participou de muitos eventos ou ações do MBPM?

Sim, participei de diversos eventos do movimento, tanto aqui no Sul quanto em São Paulo. Participei de cursos, apresentações, visitas a fábricas e outras ações. Abaixo, seguem registros e cópias de alguns desses eventos.

Se quiser, posso ajudar também a montar um documento ou apresentação com esse material todo. É só me chamar!

Qual foi o impacto do MBPM e da ABRAPP na sua carreira?

Com certeza, o impacto foi da água para o vinho. A mudança foi radical. Aprendemos a nos comportar, a dialogar, a conversar com o cliente, com lojistas, com empresas. Aprendemos a nos vestir e a nos portar. Foi uma transformação completa — praticamente 100% de mudança, realmente impactante.

A ABRAPP foi um passo fundamental na minha trajetória. Foi onde pude aprender ainda mais, me tornar instrutor e, assim, repassar esse conhecimento adiante. Ela me proporcionou muito mais experiência, tanto técnica quanto verbal. Ampliou meu conhecimento para que eu pudesse dividir com outros pintores.

Você indicou pintores novos? Por quê?

Sem dúvida. A partir do momento em que entendi o que era o MBPM, lá no início — até mesmo antes da criação da ABRAPP — já comecei a indicar pintores e trazer mais profissionais para dentro do movimento. Era importante que eles entendessem que existia alguém levantando a bandeira em nosso favor. E quando surgiu a ABRAPP, melhor ainda. Praticamente toda semana, entravam 2, 3, 4 pintores no grupo. Pode até não ser muito, mas tenho certeza de que o MBPM não sai mais do coração de quem entra.

Você já teve alguma conquista ou reconhecimento no MBPM ou na ABRAPP?

Com certeza. No começo do movimento, foram quase dois anos de orientação, onde fui aprendendo sobre os fundamentos e objetivos do MBPM. Fiz duas vezes o processo de formação para me tornar “braço” (como chamávamos na época o que hoje é o “líder”) e consegui ser aprovado. Hoje, já estou há quase 9 anos no movimento, sendo aproximadamente 6 deles atuando como líder aqui no Sul. O reconhecimento veio tanto em forma de diplomas quanto de resultados concretos com o nosso trabalho. Seguem abaixo algumas fotos que mostram um pouco dessa trajetória.

Impacto na evolução da profissão

Com certeza, foi um choque profissional, né? Da evolução, daquilo que se sabia para aquilo que se podia aprender e evoluir muito mais. Um campo enorme se abriu à nossa frente, né? De onde podíamos tirar um proveito imenso, um aprendizado um milhão de vezes maior do que aquilo que se sabia.

Sua visão na pintura mudou após entrar no MBPM e ABRAPP?

Com certeza mudou, e muito. Abriu-se um leque de possibilidades, né? Um conhecimento bem maior, um entrosamento muito mais forte. Um leque enorme se abriu na nossa vida, sem dúvida.

Qual a maior lição que aprendeu no movimento?

O movimento, em si, solidificou ainda mais a minha humildade e o respeito que tenho por todos os profissionais. Me ensinou a estar frente a frente, sabendo ouvir mais e falar menos, né?

Qual a importância da união dos pintores?

É fundamental essa união entre pintores, que o MBPM trouxe não só a nível de Brasil, mas também fora do país. Já estamos sendo reconhecidos, né? É essencial essa troca de experiências e conhecimentos por todo o Brasil. Trocar ideias, trocar vivências... é fantástico esse momento mágico que estamos vivendo com o movimento.

Qual a mensagem para quem está começando na pintura?

A primeira coisa é ter a humildade de buscar conhecimento. Se não souber lidar com a situação, com o trabalho, com a patologia que está enfrentando, busque orientação. Tenha a humildade de falar menos e ouvir mais. Aprenda tudo o que for certo, e aí sim, você será um excelente profissional.

O que deseja conquistar como pintor e membro da ABRAPP?

Bem, como pintor, acredito que atingi todos os meus estágios, né? Aprendi muito. Claro que todo dia a gente aprende algo novo, sempre buscando uma orientação diferente, ouvindo mais para conseguir tirar conclusões melhores. E, dentro da ABRAPP, quero continuar passando adiante esse conhecimento, dando a orientação correta, para que possamos formar excelentes profissionais.

Se pudesse resumir ABRAPP e MBPM em uma frase?

Eu resumiria na frase final da nossa saudação: Juntos somos mais fortes, até depois do fim.

Personalidades Abrapp

Nós, da ABRAPP, temos um imenso orgulho em contar a história de pessoas como o Sr. Maurício Williams — um verdadeiro exemplo de dedicação, solidariedade e amor pela profissão. Ele não apenas fez história no mercado da pintura, mas continua fazendo, com ações que muitas vezes acontecem nos bastidores, longe dos holofotes: seja ministrando aulas, ajudando dezenas de colegas em particular, ou inspirando com sua trajetória de vida.

Em breve, as próximas gerações conhecerão essa história. Saberão que existiram pintores que lutaram por respeito, por valorização e por um espaço digno ao lado de lojistas e indústrias. Saberão que houve um tempo em que pintores se uniram para criar algo que nunca existiu antes.

Isso é a ABRAPP. Esses são os líderes do MBPM. Esse é o nosso mundo. Essa é a nossa história.