Pintora Lucerli Félix Barbosa (Sarah Pintora), de Iguaçu, Paraná
- Letícia Souza
- há 4 dias
- 5 min de leitura
Conheça a História de Superação da Pintora Lucerli Félix Barbosa (Sarah Pintora), de Iguaçu, Paraná
Pintora Lucerli Félix Barbosa - Sarah de Iguaçu, Paraná) No destaque de hoje, apresentamos a história de Sara, que ganhou espaço após ser sorteada ao vivo na live do Careca, um dos momentos mais comentados da transmissão. Entre risos, ansiedade e uma chuva de espectadores, o sorteio foi anunciado.
Quando o nome Sara Pintora apareceu na tela, o chat explodiu de mensagens — e a partir dali começou uma narrativa que emocionou quem assistia. Com a voz embargada, mas firme, ela compartilhou sua trajetória, marcada por desafios, superações e sonhos que se mantêm de pé mesmo diante das dificuldades.

Cada palavra revelava um pedaço de sua vida, cada detalhe comovia a audiência, que acompanhava atentamente a história que se desenrolava em tempo real. A oportunidade dada pelo sorteio se transformou em vitrine: Sara saiu da live não apenas como uma participante, mas como protagonista de uma história que merece ser contada — e é isso que trazemos nesta reportagem.
Lucerli Felix Barboza, a Sarah Pintora, carrega no nome artístico uma história de força, superação e persistência. Nascida em São Miguel do Iguaçu, Paraná, teve uma infância tranquila até os 8 anos de idade. Foi quando seus pais decidiram cruzar a fronteira e tentar a vida no Paraguai. Lá, a menina que brincava no quintal passou a conhecer o peso do trabalho na roça. “Comecei cedo, mas era o que eu podia fazer para ajudar”, relembra.
Aos 15 anos, Sarah se casou. Aos 16, tornou-se mãe. Seguiu trabalhando no campo, vivendo no Paraguai ao lado do marido e criando a família com o que a terra oferecia. Eram os anos de 1993 — tempos difíceis, mas que moldariam sua resiliência.
Retorno ao Brasil e busca por novos caminhos
Em 1997, a família regressou ao Brasil. Sarah tentou se adaptar a diferentes trabalhos: atuou em casas de família, embora nunca tenha se identificado com o serviço doméstico; mais tarde, voltou à lida pesada como boia-fria. Mas sua inquietação era maior. Sentia que precisava conquistar algo próprio, algo que lhe desse identidade e futuro.
Foi então que começou a investir em cursos. Estudou manicure e pedicure, açougue, corte e costura — especialmente de roupas íntimas — e chegou a trabalhar como cozinheira em uma escola. Cada nova habilidade aprendida era um passo em direção à autonomia, mas a vida ainda guardava uma virada inesperada.

Em 2003, acompanhando o então marido em uma obra, Sarah foi ajudar na pintura de um ambiente. A princípio, tudo parecia difícil: a falta de equipamentos adequados, o preconceito contra mulheres no setor e a desvalorização da profissão eram barreiras constantes. Mas, apesar das dificuldades, algo naquela atividade a chamou profundamente.
“Eu quis continuar. A necessidade me inspirou, mas também o desejo de ter uma profissão de verdade, de enfrentar o preconceito e mostrar que eu podia”, conta.
A prática foi sua primeira escola. Apenas em 2008 formalizou esse conhecimento com um curso de pintura convencional. Seu primeiro trabalho profissional marcou sua vida: “Ali eu tive certeza de que estava no caminho certo”.
Desde então, Sarah pinta sozinha, mas também divide obras com o filho, atuando tanto em trabalhos imobiliários quanto decorativos. E, apesar de toda a evolução, ela afirma que o preconceito — especialmente contra mulheres na construção civil — ainda é um desafio diário.
Entre as experiências significativas, Sarah destaca o projeto Pintor do Bem, ação que mobilizou pintores da sua cidade e de municípios da região, unindo solidariedade, técnica e comunidade.
A dor que virou recomeço.

O ano de 2009 trouxe o episódio mais doloroso de sua vida: a perda de um dos filhos, aos 10 anos, após um acidente na escola. A tragédia abalou suas estruturas e a mergulhou em uma depressão profunda. Sarah chegou a abandonar tudo que havia conquistado e deixou o estado em busca de um novo começo, ou talvez de fuga da dor.
Mas, em 2012, decidiu regressar. Voltou para sua cidade e reencontrou na pintura não apenas uma profissão, mas uma terapia. “Foi a tinta que me segurou quando eu não tinha mais chão”, diz, emocionada. Trabalho mesmo em meio à dor.
A força de Sarah também se evidencia no corpo. Entre 2022 e 2024, ela enfrentou dois episódios de Covid-19, quebrou o braço e sofreu queimaduras de primeiro e segundo graus — tudo isso enquanto continuava trabalhando, mesmo com limitações físicas. “Não foi fácil, mas parar nunca foi uma opção”, afirma.
Evolução Constante de Sarah
Hoje, Sarah celebra a transformação da área da pintura, com novas ferramentas, materiais modernos e cursos que ampliam as possibilidades profissionais. Ela mesma continua estudando e se aperfeiçoando.

Há cerca de quatro anos, conheceu o MBPM (Movimento Brasil por um Pintor Melhor), do qual participa sempre que pode. É integrante ativa do MBPM Maringá e região, do Clube das Pintoras e Pintores do Paraná e também de um grupo dedicado a efeitos decorativos, onde atua, com orgulho, como administradora.
O movimento trouxe novas conexões e oportunidades, e seus prêmios de destaque se tornaram símbolos do reconhecimento que Sarah batalhou para conquistar. Ela faz questão de incentivar outros profissionais a se unirem. Aprendi com o movimento que, juntos, somos mais fortes.
Especialmente às mulheres, Sarah deixa um recado firme e emocionado: Não desistam. Não parem. Vocês podem, vocês conseguem.
Segundo ela, o MBPM oferece algo sem o qual nenhum profissional cresce: credibilidade, apoio e evolução contínua.
Encontro com o Careca: 8 anos Valorizando o Pintor Brasileiro
O "Encontro com o Careca" nasceu com o objetivo claro de dar voz e destaque aos pintores brasileiros. Há oito anos, o programa promove encontros e diálogos sinceros onde os profissionais podem dividir suas experiências, desafios e aprendizados. Com o passar dos anos, tornou-se uma referência fundamental para toda a comunidade da pintura no Brasil.

Essa iniciativa conta com o apoio de importantes marcas como MBPM, Montana, Pincéis Tigre, Eucatex, Inkor, Hydronorth, Tintas Coral, Ciacollor, Revista Pintura em Movimento e Jornal do Pintor, além de uma equipe dedicada a valorizar cada pintor participante.
Mais do que um simples programa, o "Encontro com o Careca" simboliza a união da categoria, reforçando o orgulho e a valorização profissional. Por trás de cada parede pintada, há histórias de vida que merecem e precisam ser contadas.
REPÓRTER ABRAPP
Léa Ramos do Mato Grosso tem 47 anos, é mãe de dois meninos e uma menina, e avó de dois netos, com mais uma netinha a caminho. Com uma trajetória marcada por dedicação e amor à profissão, ela atua como pintora profissional há 10 anos e afirma com orgulho: ama o que faz com todo o coração.

Conhecer o Movimento Brasil por um Pintor Melhor (MBPM) no estado do Mato Grosso foi um verdadeiro divisor de águas em sua vida. Por meio do MBPM-MT, Léa teve acesso a treinamentos, workshops e capacitações, além de ter conhecido pessoas incríveis que somam e transformam realidades.
Sua participação ativa no movimento abriu portas importantes e fortaleceu sua atuação profissional, especialmente através da conexão com lojistas e indústrias parceiras. Essa rede de apoio foi fundamental para ampliar suas oportunidades e reconhecimento no mercado.
Com orgulho, Léa também carrega o título de primeira instrutora da Escola ABRAPP em Mato Grosso — um marco que transformou sua vida e que agora permite que ela transforme a vida de outras pessoas. Ela é prova viva da força dos dois projetos que mudaram sua história: o MBPM e a Escola ABRAPP.
Inspirada por tudo o que viveu, Léa deixa seu recado ao mundo:
"Seja um Pintor ou Pintora MBPM."
Repórter: LeaRamos
Edição: @Royalles_paint
Revisor Final: DouglasdeAssis
